quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Escolas Cervejeiras

Boa noite Amigos!

Hoje gostaria de falar um pouco sobre as escolas cervejeiras.


fonte: Brewers Associate
Mas antes, é importante sabermos que cada cerveja tem um estilo definido que é exclusivo de cada escola cervejeira. Cada estilo carrega a sua personalidade com diferentes aromas, sabores e as mais diversas colorações. Existem dois principais guias de estilos para cerveja, o Brewers Associate (BA) e o  Beer Judge Certification Program  (BJCP). (abordarei este assunto em outro post)

Atualmente existem 4 escolas cervejeiras, são elas: Escola Alemã, Escola Belga, Escola Inglesa e Escola Americana.

Vejamos cada uma delas

Escola Alemã

É comum associarmos cerveja a Alemanha. Quando pensamos em cerveja, logo imaginamos um típico alemão com uma caneca de cerveja.


Não foi nisso que você pensou?!
A tradição cervejeira alemã é regida pela Reinheitsgebot (lei da pureza alemã de 1516) que determina que a cerveja deve ser feita com apenas 3 ingredientes: malte, água e lúpulo (a levedura foi incluída posteriormente).

A grande maioria das cervejas da escola alemã são lagers (cervejas de baixa fermentação). Os alemães revolucionaram o mundo cervejeiro ao começarem a armazenar (daí o nome lager que significa armazenar em alemão) grandes blocos de gelo que eram formados nos lagos e rios das regiões, em grandes cavernas para estocar a cerveja produzida no inverno, que posteriormente seria consumida no verão.

Desta forma, acidentalmente, os alemães selecionaram um tipo de levedura mais resistente ao frio e que produzia cervejas mais límpidas e com menos sabores indesejados, muito antes de se ter conhecimento do que eram leveduras.

Mais tarde nascia cientificamente a levedura de baixa fermentação, a Saccharomyces Carlsbergensisem, que teve este nome em homenagem a cervejaria Carlsberg onde Louis Pasteur trabalhava quando descobriu o levedo.

Principais características da escola alemã:
  • Lealdade à cultura regional e cerveja local;
  • Resistência às grandes corporações e aquisições;
  • Cada cidade, vila oi bairro tem a sua pequena cervejaria;
  • Fidelidade à Lei da Pureza de 1516.
Reinheitsgebot
Escola Belga

Diferente da escola alemã, a escola belga não foi submetida a uma lei limitando a quantidade de ingredientes na produção da cerveja, pelo contrário, tudo aquilo que pudesse agregar sabor a cerveja poderia ser utilizado. Ou seja, as cervejas poderiam ser feitas com adições de frutas, temperos, condimentos e diversos cereais, algumas nem levedura utilizam, a fermentação acontecia e acontece de forma espontânea por micro-organismos presentes na natureza.


Selo Trapista. O selo só
é concedido se o mosteiro
respeitar as regras da organização
Uma das principais referencia a escola Belga são as Abadias e os Mosteiros Trapistas. Iremos abordar este tema em outra oportunidade.

Outro grande diferencial da escola belga é o cuidado e a atenção ao ritual de apreciação da cerveja. Detalhes como a garrafa, aparência e, principalmente, em qual taça será servida a cerveja são levados a serio. Cada cervejaria faz questão de ter sua própria taça personalizada para cada rotulo/estilo, com o objetivo de potencializar a experiência do bebedor.


Principais características da escola Belga:
  • Totalmente livre, sem regra que limitam os ingredientes;
  • Rica em detalhes, como as taças especificas para cada cerveja;
  • Cervejas complexas, com aromas e sabores surpreendentes;
  • Cerveja de Abadia e Trapistas.
Considera a melhor cerveja do mundo. 
Escola Inglesa

Diferente das escolas alemã e belga, a cervejas inglesas, conhecida como Ales, na sua grande maioria são escuras, amargas, secas, com baixa carbonatação.

Antigamente os ingleses não adicionavam lúpulo na cerveja, as cervejas britânicas eram temperadas com ervas e condimentos locais. A partir do sec. XV com o advento do lúpulo na Inglaterra os ingleses passaram a chamar as cervejas com adição de lúpulo de “beer” enquanto as cervejas tradicionais britânicas, aquelas feitas sem lúpulo eram chamadas de “ales”.


Algumas torneiras de chope
A escola inglesa é fantástica. Ao mesmo tempo em que temos as cervejas de teor alcoólico mais baixo, como é o caso dasBitters, bebida tipicamente consumida pelos camponeses, que podiam beber o dia todo e continuar trabalhando, temos as cervejas mais fortes como Barley-Wines, IPAs e Imperial Stouts.


Principais características da escola inglesa:
  • Habito de beber com os amigos em pubs. Mais de 60.000 pubs
  • Maior consumo de chope – draugth beer. Em torno de 60% de toda cerveja consumida
  • Movimento CAMRA (movimento que visa estimular o consumo da cerveja artesanal inglesa de modo tradicional)
  • Tradição principal de Portes e Pale Ales
  • Cervejas menos carbonatadas e com pouca espuma
Escola Americana


Fonte: Have a Nice Beer
A mais recente é a escola americana que ainda está em desenvolvimento. O bacana da escola americana é que ela incorporou as todas as três escolas cervejeiras tradicionais.

Não é novidade que americano é extravagante, gosta de tudo “mais”. Com a cerveja não podia ser diferente. As cervejas americanas são mais amargas, mais alcoólicas, mais encorpadas, mais robustas, mais...mais...mais e mais...É fácil identificar uma cerveja da escola americana, basta ter Imperial antes do nome principal: Imperial IPA, Imperial Stout e por ai vai.

Brincadeiras a parte, a escola americana é de grande importância para o mundo cervejeiro. Antes da promulgação da lei seca em 1920, os EUA tinha algo em torno de 1.800 microcervejarias, em sua grande maioria operada por imigrantes europeus e filhos de imigrantes que detinham as técnica de fazer cerveja. Em 1933, quando foi posto um fim a lei seca, sobraram menos de 60 cervejarias em todo o país. Porém, aproximadamente, na década 60, grupos de cervejeiros caseiros começaram um movimento que se espalhou pelo país inteiro e hoje é uma febre. Esse movimento é conhecido como “craft brewing” e hoje os EUA já tem algo em torno de 1.300 microcervejarias em operação.


Durante a lei seca
Funcionários das cervejarias descartando as cervejas









Principais características da escola americana
  • Escola marcada pelos exageros, pela intensidade
  • Inspiração, na maioria dos casos, em estilos ingleses e belgas
  • Grande utilização de lúpulo com caráter cítrico/frutado.
  • Intensidade de teor alcoólico
Este é um breve panorama das principais escolas cervejeiras. Poderíamos falar por horas sobre as características de cada escola e de cada estilo, mas o objetivo deste post é apenas despertar o interesse e a curiosidade sobre este universo magnifico.

Entre uma escola e outra, fico por aqui, ao som de Soul to Squeeze do Red Hot Chili Peppers

Forte abraço.

Referências: 
Larousse da Cerveja: Ronaldo Morado 

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