quarta-feira, 20 de maio de 2015


Hoje vou contar uma breve história sobre a Abadia de Notre Dame de Leffe.


Abadia de Notre Dame de Leffe
Fundada em 1152, a Abadia de Notre Dame de Leffe é responsável pela fabricação da cerveja de abadia mais consumida no mundo.

Localizada à beira do rio Meuse, na província de Namur no sul da Bélgica, os monges premonstratenses, sábios da cerveja, só começaram a produzi-las em 1240.

Com mais de 8 séculos de historia a Abadia de Leffe passou por muitas dificuldades: problemas financeiros, enchentes, incêndios, ataques de tropas na Revolução Francesa e etc. Até que em 1794 os monges abandonaram a abadia, porém continuaram a produção em uma escala menor até 1809 quando a produção foi interrompida completamente.

Em 1937 a Abadia de Leffe foi oficialmente declarada como patrimônio histórico, os monges voltaram para a Abadia e a produção voltou a todo vapor.

Cervejaria Lootvoet
Em 1952, os monges firmaram um contrato de royalties importantíssimo com uma cervejaria comercial. Isto aconteceu quando o monge Abbot Nys e Albert Lootvoet, dono de uma cervejaria na cidade de Overijse, resolveram produzir a cerveja Leffe Brown, segundo a tradicional receita e processo de fabricação, em escala comercial para ser vendida no mercado belga. A cerveja foi um sucesso instantâneo. Nas décadas seguintes as cervejas da marca se espalharam pela Europa e outros países.


Em 1977, Albert Lootvoet obteve apoio financeiro da Cervejaria Artois. Em 1987, acontece a fusão das Cervejarias Artois e Piedboeuf, surgindo assim a Cervejaria Interbrew.

Em agosto de 2004, acontece a fusão entre da Interbrew e Ambev, criado um novo nome e uma nova identidade: InBev. Em Setembro de 2005, o nome mudou para Interbrew Belgium NV tornou-se a InBev Belgium NV. Com isso a Leffe ganhou poder de distribuição mundial. Hoje é distribuída em mais de 60 países.  

Atualmente são produzidos os seguintes rótulos: Blonde, Brown, TripelRadieuseRuby, 
Leffe 9º, Royale, Nectar e Christmas.



Infelizmente só consegui degustar 5 deles (por enquanto), sendo que 1 parece que saiu de linha:

Blonde: Cerveja de coloração amarelo intenso. Possui aroma de pão fresco, frutas brancas e condimentos também são perceptíveis, com sabor predominante do malte, possui amargor baixo e leve dulçor no final do gole.

Estilo: Belgian Blond Ale
ABV: 6,6%

Brune/Brown: Cerveja de coloração marrom escuro. Possui aroma de malte tostado e caramelo. O sabor de tosta é baixo porém marcante, café presente e leve chocolate.

Estilo: Belgian Dark Ale
ABV: 6,5%
Radieuse: Cerveja de coloração cobre-avermelhado. Extremamente forte, possui aroma de caramelo, frutas passas e leve condimentação. Possui amargor baixo e o aftertaste aquecedor devido ao alto teor alcoólico.

Estilo: Belgian Strong Dark Ale
ABV: 8,2%
Vieille Cuvée*: De coloração âmbar escura, possui uma espuma persistente. Aroma de caramelo, especiarias e bem suave de frutas vermelhas. O sabor é de frutas secas e caramelo. o aftertaste é doce e alcoólico.

Estilo: Belgian Strong Dark Ale
ABV: 8,2%
*Aparentemente não está mais em produção. Não consta no site da leffe
Leffe Royale: Cerveja de coloração âmbar escura, possui aroma de malte, especiarias e frutas amarelas. Utiliza 3 variedades de lúpulo em sua produção o que proporciona o equilíbrio perfeito entre amargo e o adocicado.

Estilo: Belgian Strong Pale Ale
ABV: 7,5%

Forte abraço e até a próxima!

Referencias:
http://www.abbaye-de-leffe.be/

Leffe

sexta-feira, 20 de março de 2015

Olá amigos!

Hoje irei falar um pouco sobre o processo de fabricação da cerveja. A ideia é dar uma visão geral das principais etapas do processo.

fonte: clubeer.com.br
Porém, antes de falarmos de cada uma das etapas de produção, precisamos separar os ingredientes, que na maioria dos casos são apenas quatro: Água, Malte, Lúpulo e Levedura Cervejeira (Fermento).

fonte: comofazercerveja.com.br

A grosso modo, podemos dividir o processo em 3 grandes etapas: Mosturação, Fervura e Fermentação. Vejamos a seguir cada uma delas.

Mosturação

O primeiro passo é moer o malte com o objetivo de expor o amido contido no seu interior. O malte moído é adicionado a água. Está mistura é submetida a diferentes temperaturas por períodos de tempo determinados (geralmente de 2 a 5 horas a 65 graus). Nestas condições os açucares fermentáveis e outros componentes importantes são extraídos do malte. Está água rica em açucares é chamada de mosto. O mosto é separado do bagaço do malte e o mesmo é lavado com água quente para extrair o máximo possível dos açucares que restaram.

Fervura

A fervura do mosto leva normalmente de 60 a 70 minutos. É nesta etapa que o lúpulo é adicionado, com o proposito de conferir aroma, paladar e amargor a cerveja. Após a fervura é feito um processo, chamado whirlpool ou rotapool, que tem como objetivo separar os compostos sólidos (trub) do mosto. Depois disso o mosto é resfriado.

Fermentação

A fermentação é o processo de transformação, feita pela levedura, dos açucares fermentáveis do mosto em álcool e gás carbônico. Após o período de fermentação, que pode variar dependendo do estilo, a cerveja é envasada. Após o envase, a cerveja passa pelo processo de maturação. É aqui que ocorre a "lapidação" da cerveja.

Como disse está é uma visão simples do processo de fabricação da cerveja. Existem inúmeros processos com vários passos e técnicas diferentes.

Veja o Processo de Fábricação da Baden Baden. A ilustração e bem didática.

É isso meus amigos, agora vou para o final do processo, pegar uma cerveja e degustar.

Fico por aqui ao som de Would? do Alice in Chains.

Forte abraço!

Referências
Apostila do curso de Sommelier do ICB

   

Processo de Fabricação

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015


Olá amigos!

Hoje irei falar um pouco sobre os diferentes copos para se apreciar uma boa cerveja. Mas antes gostaria de salientar que a relação copo-cerveja não é frescura!
Fonte: esquenta.com.br
Obviamente você não vai deixar de tomar uma cerveja porque você não tem o copo especifico daquela cerveja ou daquele estilo. Bom na Bélgica sim, pois na cultura belga cada cerveja deve ser servida no copo especifico.

A principal função do copo é potencializar a experiência da degustação. Por exemplo: cervejas mais delicadas, com aromas voláteis devem ser servidas em copos que possam capturar e reter tais aromas. Já as cervejas mais aromáticas devem ser servidas em copos que ajudem a volatizar tais aromas. Além disso, a apresentação fica bem melhor quando a cerveja é servida no seu devido copo.

Pois bem, abaixo vou elencar os principais estilos de copos, suas características e para quais cervejas são indicadas.

Pilsner

Com bocal estreito para concentrar os aromas e formato que auxilia a estabilidade de espuma, além de possuir as paredes retas para facilitar o escoamento da cerveja para a boca em velocidade agradável. Indicado para cervejas tipo Pilsen. O pé lhe confere elegância, estabilidade e minimiza a transferência de calor (o correto e segurar o copo pelo pé ou haste).

Lager

Muito popular no Brasil, é mais conhecido como “copo de chope”. Em virtude da popularidade da Pilsen, existem muitas opções de copos para ela. Em geral, eles devem ter a boca mais larga do que a base a fim de que na medida em que se esvazia o copo, a área da superfície a ser coberta pela espuma diminui, permitindo que a espuma se mantenha por mais tempo.

Weizen

Específicos para cervejas de trigo, sua larga boca se justifica pela grande intensidade aromática do estilo e o tamanho para garantir que todo conteúdo da garrafa seja servido no mesmo copo, proporcionando assim a homogeneização da espuma. Além disso, a altura e sei formato propiciam a formação a formação de espuma a cada gole.

Pint

Um pint, na verdade, é uma unidade de medida que corresponde a 568 ml na Inglaterra e a 473 ml nos EUA. A palavra pint é usada amplamente nos bares do Reino Unido para se pedir uma cerveja, é como se eles pedissem um chope! É o copo tradicional das Ales e Bitters inglesas e também das Stouts. O estreitamento abaixo diminui a transferência de calor.

Caneca

Antes do advento dos copos de vidro e de cristal, a cerveja era consumida em canecas – mug em inglês ou Stein em alemão.  São copos pesados, com alça e com diversas capacidades de armazenamento. Um mass, por exemplo,  tem capacidade para 1 litro de cerveja. Além das canecas padrão existem os Bierkrug, tradicionais canecos alemães com tampa para proteger a cerveja de folhas e insetos, já que os bávaros comumente apreciavam e apreciam sua cerveja nos jardins.

Tulipa

Com corpo arredondado para capturar os aromas e a borda voltada para fora com o objetivo de ajudar na estabilidade da espuma, a tulipa é o coringa dos copos, podendo ser utilizado para qualquer estilo de cerveja. O nome faz referencia ao formato da flor.

Cilindro

Com bocal estreito para concentrar os aromas e formato que auxilia a boa formação de espuma este copo é tradicional das cervejas tipo Kölsch e Alt. Esse tipo de copo é chamado de Stange na Alemanha e Stick na Inglaterra, que significa “vareta”, já no Estados Unidos é chamado de Collins em referencia a Tom Collins, barman americano que inventou um coquetel para ser servido neste copo.

Snifter

Mais conhecido como copo de conhaque, possui uma base larga com um estreitamento superior para capturar os aromas. É ideal para cervejas mais alcoólicas, como as Barley Wines ou as cervejas bem aromáticas como as Imperial Stouts. Estas cervejas são elaboradas para serem servidas em temperaturas mais altas, desta forma o bojo largo do copo permite que você o segure por meio dele, “esquentando” ao poucos a cerveja e possibilitando que você sinta os diferentes aromas de acordo com a variação da temperatura.

Cálice ou Goblet

Com boca larga e corpo arredondado é indicado para cervejas de alta intensidade aromática. Muito utilizado para cervejas belgas, especialmente as trapistas e de abadia. Seu formato e sua haste conferem beleza e atratividade à cerveja e evitam que o calor das mãos seja rapidamente transferido para a cerveja.

IPA Glass

Especifico para as IPAs o seu formado ajuda a reter o frio, mantendo a temperatura adequada por mais tempo e a sua bacia curva e larga ajuda a valorizar o aroma dos lúpulos, levando-os diretamente para o seu nariz a cada gole ajudando assim na intensificação dos aromas, principal objetivo deste copo.

Flute

Indicado para cervejas delicadas, especificamente as que passam pelo processo de champenoise*. O nome desse copo é uma alusão ao seu formato longilíneo, semelhante ao de uma flauta, que evita que a carbonatação se dissipe rapidamente.

*O método champenoise consiste basicamente numa dupla fermentação (primeiro em tanques e depois na garrafas), o remuage (coletar o fermento no pescoço da garrafa) e o dégorgement (remoção do fermento por meio do congelamento do gargalo.

É isso meus amigos, espero ter esclarecido um pouco mais sobre os diversos tipos de copos existentes. Agora é com você escola o seu copo e sua cerveja e seja feliz!

Vou saindo de fininho ao som de No One Knows do Quens of the Stone Age.

Forte abraço! 

Referências: 
Larousse da Cerveja: Ronaldo Morado 
Cervejas Brejas & Birras: Mauricio Beltramelli
Apostila do curso de Sommelier do ICB

Copos: Modelos e Características

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Boa noite Amigos!

Hoje gostaria de falar um pouco sobre as escolas cervejeiras.


fonte: Brewers Associate
Mas antes, é importante sabermos que cada cerveja tem um estilo definido que é exclusivo de cada escola cervejeira. Cada estilo carrega a sua personalidade com diferentes aromas, sabores e as mais diversas colorações. Existem dois principais guias de estilos para cerveja, o Brewers Associate (BA) e o  Beer Judge Certification Program  (BJCP). (abordarei este assunto em outro post)

Atualmente existem 4 escolas cervejeiras, são elas: Escola Alemã, Escola Belga, Escola Inglesa e Escola Americana.

Vejamos cada uma delas

Escola Alemã

É comum associarmos cerveja a Alemanha. Quando pensamos em cerveja, logo imaginamos um típico alemão com uma caneca de cerveja.


Não foi nisso que você pensou?!
A tradição cervejeira alemã é regida pela Reinheitsgebot (lei da pureza alemã de 1516) que determina que a cerveja deve ser feita com apenas 3 ingredientes: malte, água e lúpulo (a levedura foi incluída posteriormente).

A grande maioria das cervejas da escola alemã são lagers (cervejas de baixa fermentação). Os alemães revolucionaram o mundo cervejeiro ao começarem a armazenar (daí o nome lager que significa armazenar em alemão) grandes blocos de gelo que eram formados nos lagos e rios das regiões, em grandes cavernas para estocar a cerveja produzida no inverno, que posteriormente seria consumida no verão.

Desta forma, acidentalmente, os alemães selecionaram um tipo de levedura mais resistente ao frio e que produzia cervejas mais límpidas e com menos sabores indesejados, muito antes de se ter conhecimento do que eram leveduras.

Mais tarde nascia cientificamente a levedura de baixa fermentação, a Saccharomyces Carlsbergensisem, que teve este nome em homenagem a cervejaria Carlsberg onde Louis Pasteur trabalhava quando descobriu o levedo.

Principais características da escola alemã:
  • Lealdade à cultura regional e cerveja local;
  • Resistência às grandes corporações e aquisições;
  • Cada cidade, vila oi bairro tem a sua pequena cervejaria;
  • Fidelidade à Lei da Pureza de 1516.
Reinheitsgebot
Escola Belga

Diferente da escola alemã, a escola belga não foi submetida a uma lei limitando a quantidade de ingredientes na produção da cerveja, pelo contrário, tudo aquilo que pudesse agregar sabor a cerveja poderia ser utilizado. Ou seja, as cervejas poderiam ser feitas com adições de frutas, temperos, condimentos e diversos cereais, algumas nem levedura utilizam, a fermentação acontecia e acontece de forma espontânea por micro-organismos presentes na natureza.


Selo Trapista. O selo só
é concedido se o mosteiro
respeitar as regras da organização
Uma das principais referencia a escola Belga são as Abadias e os Mosteiros Trapistas. Iremos abordar este tema em outra oportunidade.

Outro grande diferencial da escola belga é o cuidado e a atenção ao ritual de apreciação da cerveja. Detalhes como a garrafa, aparência e, principalmente, em qual taça será servida a cerveja são levados a serio. Cada cervejaria faz questão de ter sua própria taça personalizada para cada rotulo/estilo, com o objetivo de potencializar a experiência do bebedor.


Principais características da escola Belga:
  • Totalmente livre, sem regra que limitam os ingredientes;
  • Rica em detalhes, como as taças especificas para cada cerveja;
  • Cervejas complexas, com aromas e sabores surpreendentes;
  • Cerveja de Abadia e Trapistas.
Considera a melhor cerveja do mundo. 
Escola Inglesa

Diferente das escolas alemã e belga, a cervejas inglesas, conhecida como Ales, na sua grande maioria são escuras, amargas, secas, com baixa carbonatação.

Antigamente os ingleses não adicionavam lúpulo na cerveja, as cervejas britânicas eram temperadas com ervas e condimentos locais. A partir do sec. XV com o advento do lúpulo na Inglaterra os ingleses passaram a chamar as cervejas com adição de lúpulo de “beer” enquanto as cervejas tradicionais britânicas, aquelas feitas sem lúpulo eram chamadas de “ales”.


Algumas torneiras de chope
A escola inglesa é fantástica. Ao mesmo tempo em que temos as cervejas de teor alcoólico mais baixo, como é o caso dasBitters, bebida tipicamente consumida pelos camponeses, que podiam beber o dia todo e continuar trabalhando, temos as cervejas mais fortes como Barley-Wines, IPAs e Imperial Stouts.


Principais características da escola inglesa:
  • Habito de beber com os amigos em pubs. Mais de 60.000 pubs
  • Maior consumo de chope – draugth beer. Em torno de 60% de toda cerveja consumida
  • Movimento CAMRA (movimento que visa estimular o consumo da cerveja artesanal inglesa de modo tradicional)
  • Tradição principal de Portes e Pale Ales
  • Cervejas menos carbonatadas e com pouca espuma
Escola Americana


Fonte: Have a Nice Beer
A mais recente é a escola americana que ainda está em desenvolvimento. O bacana da escola americana é que ela incorporou as todas as três escolas cervejeiras tradicionais.

Não é novidade que americano é extravagante, gosta de tudo “mais”. Com a cerveja não podia ser diferente. As cervejas americanas são mais amargas, mais alcoólicas, mais encorpadas, mais robustas, mais...mais...mais e mais...É fácil identificar uma cerveja da escola americana, basta ter Imperial antes do nome principal: Imperial IPA, Imperial Stout e por ai vai.

Brincadeiras a parte, a escola americana é de grande importância para o mundo cervejeiro. Antes da promulgação da lei seca em 1920, os EUA tinha algo em torno de 1.800 microcervejarias, em sua grande maioria operada por imigrantes europeus e filhos de imigrantes que detinham as técnica de fazer cerveja. Em 1933, quando foi posto um fim a lei seca, sobraram menos de 60 cervejarias em todo o país. Porém, aproximadamente, na década 60, grupos de cervejeiros caseiros começaram um movimento que se espalhou pelo país inteiro e hoje é uma febre. Esse movimento é conhecido como “craft brewing” e hoje os EUA já tem algo em torno de 1.300 microcervejarias em operação.


Durante a lei seca
Funcionários das cervejarias descartando as cervejas









Principais características da escola americana
  • Escola marcada pelos exageros, pela intensidade
  • Inspiração, na maioria dos casos, em estilos ingleses e belgas
  • Grande utilização de lúpulo com caráter cítrico/frutado.
  • Intensidade de teor alcoólico
Este é um breve panorama das principais escolas cervejeiras. Poderíamos falar por horas sobre as características de cada escola e de cada estilo, mas o objetivo deste post é apenas despertar o interesse e a curiosidade sobre este universo magnifico.

Entre uma escola e outra, fico por aqui, ao som de Soul to Squeeze do Red Hot Chili Peppers

Forte abraço.

Referências: 
Larousse da Cerveja: Ronaldo Morado 

Escolas Cervejeiras

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Muitos acreditam que a cerveja surgiu há aproximadamente 9.000, no período neolítico (idade da pedra), quando o homem pré-histórico abandonou o estilo de vida nômade e começou a desenvolver as primeiras técnicas de agricultura, cultivando basicamente grãos. O cultivo e armazenamento desses grãos para consumo posterior permitiram a fixação do homem em grupos.

Relatos indicam que a cerveja foi descoberta na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se encontra o Iraque.

Mesopotâmia: entre os rios Tigre e Eufrates
Pois bem, não existe comprovação cientifica de como exatamente a cerveja surgiu, apenas hipóteses. A hipótese mais plausível (no meu ponto de vista) é a de que um grupo de agricultores tenha armazenado a colheita em recipientes, para uso posterior. Uma provável chuva pode ter umedecido os grãos. Para que a colheita não fosse perdida, os grãos foram postos para secar. Nesta etapa ocorreu a germinação dos grãos. Choveu novamente, só que desta vez choveu pra caramba! Os grãos foram encharcados e formaram um "mingau". Este "mingau" foi esquecido nestes recipientes e encontrado posteriormente. Neste período houve a ação de micro-organismos, que produziram álcool a partir da fermentação dos açúcares do malte. 

E eis que surge a cerveja!

Os povos da antiguidade (sumérios, babilônios e gregos) deixaram diversas provas da importância social e religiosa relacionadas à cerveja, como por exemplo, o código de Hamurábi (sexto rei da primeira dinastia babilônica) escrito por volta de 1730 a.C. Um dos artigos desse código previa o afogamento do cervejeiro em sua própria bebida caso ela fosse intragável.


Código de Hamurábi: Artigo previa
pena de morte  na própria cerveja
A cerveja era tida como uma bebida divina e oferecida constantemente aos deuses cultuados. Nessa época, as mulheres eram responsáveis pela produção e distribuição da cerveja (que eram bem diferentes das de hoje). As cervejas eram turvas e não filtradas, por isso eram consumidas em grandes jarros com canudos, para evitar a ingestão dos resíduos sedimentados.

Cilindro Sumério de barro. Pessoas bebendo cerveja 
O cereal mais utilizado para fazer as cervejas daquela época era o trigo. Era bastante comum adicionar uvas, tâmaras, gengibre, mel e diversas ervas no processo de fabricação (percebeu-se que isso acelerava o processo de fabricação já que a casca das frutas traziam leveduras e bactérias que facilitavam a fermentação).
Sumérios oferecendo cerveja aos deuses

Bom, esse foi um breve relato sobre o surgimento da cerveja. Existem diversos livros e artigos que explicam detalhadamente todo o estudo feito para tentar desvendar a historia da cerveja.

Fico por aqui ao som de 2112 do Rush.

Forte abraço!

Referências: 
Larousse da Cerveja: Ronaldo Morado 
Cervejas Brejas & Birras: Mauricio Beltramelli

História da Cerveja: Um breve relato sobre o surgimento

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Hoje escolhi uma cerveja clássica para fazer a degustação. A Duvel (Diabo em Flamengo)

Fachada da cervejaria Duvel Moortgat em Puurs na Bélgica

Algo como: "Shhh(silêncio) o diabo adormece aqui"
A Duvel é a progenitora de todas as Belgian Strong Pale Ale fabricadas atualmente na Bélgica. Ao longo do tempo a Duvel alcançou muita fama e é fervorosamente imitada...porém nunca igualada. O sucesso foi tanto que a cervejaria Moortgat, inaugurada em 1871, resolveu mudar o nome para Duvel Moortgat.

Mas nem sempre foi assim...O carro-chefe da empresa era originalmente uma bebida escura chamada Victory Ale, criada para celebrar a vitória sobre a Alemanha na Primeira Guerra mundial. Somente em 1970 a cerveja foi reformulada.

Uma das características principais da Duvel é a alta carbonatação. A clássica taça em formato de tulipa tem o dobro do volume da garrafa para favorecer a estabilidade da bela e inigualável espuma.

Além da tradicional taça, a Duvel conta com edições colecionáveisA taça da foto é a versão edição limitada da Duvel Collection em homenagem ao Brasil, e assinada por Yan Sorgi.


Dourada e brilhante, com boa formação e estabilidade de espuma. Uma cerveja com aroma e sabor de pão fresco, cravo da índia e frutas brancas que lembra abacaxi, com teor alcoólico bem equilibrado e amargor médio deixa uma agradável sensação de aquecimento e leve secura a cada gole.

O projeto de Yan Sorgi para a Duvel Collection representa as emoções de quando se toma o primeiro gole da Duvel: o desejo de viver, o desejo de emoções, o desejo de sensações e o desejo de uma  cerveja excepcional.

Por hoje é só! Fico por aqui ao som de highway to hell do AC/DC.

Aproveite seu final de semana!

Forte abraço!

Referências: 
A mesa do Mestre-Cervejeiro: Garrett Oliver
1001 Cervejas para beber antes de morrer: Adrian Tierney-Jones

Duvel

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Em tempos de Oktoberfest vale a pena conhecer a história da maior festa popular do mundo.



Oktoberfest (em alemão, "Oktober" significa outubro, e "Fest", festa ou festival, literalmente "Festa de Outubro").
  
Tudo começou em 12 de outubro de 1810, quando o Príncipe Ludwig I da Baviera casou-se com a Princesa Therese von Sachsen-Hildburghausen. O casamento ocorreu na época das tradicionais festas da colheita, e por isso ficou decidido que, naquele ano, Munique teria uma festa especial para comemorar o casamento real. A festa, para a qual estavam convidados todos os moradores de Munique, aconteceu em um parque longe do centro, batizado Theresienwiese (algo como campos de Tereza), em homenagem à noiva. Ainda hoje, é neste mesmo parque que acontece a Oktoberfest de Munique. O ponto alto da festa foi marcado por uma corrida de cavalos com a presença da família real da Baviera. O enorme sucesso fez com que fosse marcada outra festa para Outubro do ano seguinte, e assim começou a tradição.

Prefeito de Munique colocando a 
torneira no Barril
Foto: www.oktoberfest.de
A comemoração de duas semanas abre com os mestres-cervejeiros das principais cervejarias de Munique adentrando o parque. Em seguida, ao meio-dia, o prefeito de Munique abre cerimoniosamente o primeiro barril de madeira, inserindo a torneira com uma marreta. A torneira deve ser colocada precisamente com um único golpe, caso contrário todos que estão próximos levam um banho de cerveja. Abrir incorretamente o barril diante de toda população de Munique, acredite, pode prejudicar a carreira politica do pobre prefeito. Existe até treinamento antes do evento para garantir a marretada perfeita.

Galpão de uma das cervejarias
Foto: www.oktoberfest-munchen.com
Neste ano participaram do evento, que começou em 20 de setembro e foi até 05 de outubro, 6,3 milhões de visitantes. Cerca de 6,4 milhões de litros de cerveja foram consumidos nos 16 dias de festa.

Com a emigração dos alemães, a festa mais popular da Alemanha espalhou-se pelo mundo. Hoje existem Oktoberfests em diversos países, como: Argentina, Brasil, Estados Unidos, Hong Kong, Itália, Vietname, entre outros.

Vale a pena conferir!

Fico por aqui ao som de Hells Bells do AC/DC.

Forte abraços e até a próxima!

Referências: 
A mesa do Mestre-Cervejeiro: Garrett Oliver

Oktoberfest: Breve história